Edward Snowden: qual seu papel na privacidade digital?
Edward Snowden é um nome familiar para você?
Caso tenha interesse em assuntos digitais e segurança cibernética, provavelmente sim!
O analista de sistemas, ex funcionário da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, marcou história no mundo digital por se envolver em casos de privacidade de dados na internet. O asilo político de Edward Snowden é, até hoje, algo polêmico, principalmente por residir na Rússia, arquirrival histórico dos Estados Unidos.
Mas, afinal, quem é Edward Snowden? Qual a sua relevância para a privacidade de dados na internet?
Vem conferir!
Quem é Edward Snowden?
Edward Joseph Snowden nasceu em 21 de junho de 1983, no estado da Carolina do Norte, Estados Unidos.
Ele é um ex-consultor de serviço de inteligência computacional norte americana que ficou conhecido mundialmente ao revelar informações altamente classificadas da Agência de Segurança Nacional (em inglês, a National Security Agency – NSA) em 2013, antes de se tornar um ex-funcionário.
Suas divulgações revelaram diversos programas de vigilância global, espionagem americana, muitos executados pela Agência de Segurança Nacional – conhecida como NSA – e pela Aliança Cinco Olhos (a maior aliança de inteligência do mundo, formada pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e a Nova Zelândia).
Além disso, os programas eram executados com a cooperação de companhias de telecomunicação e governos europeus.
O que o ex-funcionário da NSA Snowden divulgou acabou desencadeando diversas discussões sobre segurança nacional e privacidade individual, e como essas duas ações podem se relacionar de maneira benéfica ou antagônica.
História e a carreira de Edward Snowden
O ex analista de segurança Edward nasceu na Carolina do Norte e, depois, sua família se mudou para Maryland, a pouca distância da sede da NSA em Fort Meade. Após ser dispensado do exército em 2004, ele começou a trabalhar como segurança numa unidade de pesquisa da Universidade de Maryland.
Agência de Segurança Nacional
A unidade era associada à NSA e, apesar de Snowden não ter educação formal ou treinamento, ele foi contratado pela Central Intelligence Agency (CIA) em 2006 ao demonstrar aptidão com computadores.
Ele recebeu acesso máximo de segurança e, em 2007, foi enviado para Genebra, onde trabalhou como técnico de segurança de redes sob um disfarce diplomático. Em 2009, Snowden deixou a CIA e foi para a NSA.
Durante esse período, ele começou a coletar informações sobre atividades da NSA, a maioria delas sobre programas secretos de vigilância, as quais revelaria em 2013 ao pedir licença médica e viajar para Hong Kong.
Por que ele ficou conhecido pela privacidade digital?
Um dos fatores que destacam Edward Snowden é que ele veio de uma organização de inteligência dos Estados Unidos. Sendo assim, alguns fatores favorecem sua popularidade:
- Seu trabalho na CIA e NSA, sua aptidão computacional e como ele conseguiu acessar níveis máximos de segurança demonstraram, desde o início, que ele sabia muito bem do que estava falando;
- Sua credibilidade, apesar dos ataques do governo norte-americano, era basicamente incontestável;
- Snowden tinha acesso virtual ilimitado aos dados da NSA, e o que ele fez com esses dados é que impressionou tanto;
- Como a NSA se envolve em coleta de dados, no que hoje é chamado espionagem de indivíduos privados, o fato de Snowden ter revelado tudo fez com que as pessoas quisessem ouvi-lo;
- Sua atitude de revelar tantas informações para o público propulsionou o debate civil acerca da privacidade digital dos indivíduos, além dos limites governamentais e das empresas privadas em acessar e coletar informações privadas.
Por que Snowden vazou documentos secretos dos EUA?
Uma pessoa que trabalhou com Snowden chegou a dizer que ele era um “gênio entre gênios” e que frequentemente apontava falhas de segurança para a agência.
Durante seu trabalho com a NSA e CIA, Snowden disse que se desiludiu com os programas em que se envolvia, e tentou falar sobre suas preocupações éticas através de meios internos.
Claro que ele fora ignorado. Em entrevistas, Snowden afirmou estar disposto a sacrificar tudo – sua casa, sua liberdade, sua relação com a namorada – ao vazar as informações.
Isso porque, segundo ele, não poderia ficar com a consciência tranquila ao permitir o governo dos Estados Unidos de “destruir a privacidade, a liberdade na internet e as liberdades básicas das pessoas ao redor do mundo com essa máquina de vigilância em massa que eles estão construindo em segredo”.
Sua motivação base era de que os cidadãos deveriam ter um debate sincero sobre se esse era o país onde querem viver.
Como Edward Snowden mudou a história da privacidade digital?
Edward Snowden revolucionou a história da privacidade digital. Depois que os artigos foram publicados, iniciou-se um efeito dominó.
As pessoas perderam a confiança não apenas nos dispositivos eletrônicos, mas também no governo.
Ex-contratado
Investigações sobre a NSA tiveram início e o congresso norte-americano precisou fazer reuniões para decidir como agir após as informações serem liberadas ao público.
Leis foram alteradas e continuam sendo devido aos vazamentos de Snowden.
A NSA ainda não sabe quais arquivos Snowden baixou. As leis sobre privacidade digital se tornaram mais proeminentes e até hoje as pessoas continuam desconfiadas, aliás, algumas têm até receio de estarem sendo observadas ou ouvidas pelo governo através de seus aparelhos eletrônicos.
Cidadãos cobrem as câmeras de seus computadores, tomam cuidado com os celulares e com o que dizem nas ligações graças as teorias especificadas por Snowden.
Muitos jornalistas que trabalharam com Snowden prometeram continuar publicando artigos sobre os documentos que receberam, visando manter o público ciente das ações da NSA.
O Brasil também foi envolvido em polêmicas de espionagem?
O Brasil também foi alvo das atividades de espionagem. Snowden diz que a reação do país às suas divulgações foram positivas, e que isso o inspirou.
Em carta aberta aos brasileiros, Snowden disse que a NSA e outras agências de espionagem ficavam repetindo fazerem tudo isso para a “segurança” das pessoas – para a “segurança” de Dilma, para a “segurança” da Petrobras, ambos alvos de espionagem da NSA.
Ele afirmou, ainda, que a NSA pode rastrear a localidade dos celulares das pessoas em São Paulo, e que a agência faz isso 5 bilhões de vezes ao dia com pessoas ao redor do mundo. Senadores norte-americanos tentaram afirmar que isso tudo era por segurança, mas Snowden discorda.
Dilma levou o caso à Comissão de Direitos Humanos da ONU. A ex-presidente apontou, em discurso na Organização das Nações Unidas, que a atitude norte-americana era uma violação aos direitos humanos e um desrespeito às soberanias nacionais.
Mais sobre o Asilo Político de Snowden – o ex funcionário da Agência Nacional de Segurança
Ainda em Hong Kong, os Estados Unidos solicitaram a extradição do delator. Hong Kong se recusou e Snowden, em seguida, seguiu para Moscou. O plano original era ir para o Equador, mas os Estados Unidos cancelaram seu passaporte antes disso. Vinte e sete nações negaram asilo a Snowden antes de ele ser aceito na Rússia. E os serviços de inteligência russos ofereceram ajuda a ele, caso ele compartilhasse o que sabia. No entanto, Snowden afirmou que não colaborou com os agentes e que não o faria no futuro. Então, afinal, onde está Edward Snowden hoje? Acredita-se que ele ainda esteja na Rússia, onde recebeu residência permanente. Segundo seu advogado, Anatoly Kucherena, Snowden obteve os direitos em 2020. Ele tem uma esposa e um filho. Durante a invasão da Ucrânia pela Rússia, Snowden permanece estranhamente calado. No entanto, acredita-se que ele faça isso por sua própria segurança – já é o suficiente ter um governo contra ele, afinal.
Premiações e homenagens
Prêmio Nobel da Paz (2013 e 2015)
Em 2013, um professor de sociologia sueco nomeou Snowden para o Prêmio Nobel da Paz.
Além de parabenizá-lo por demonstrar um “esforço heroico a um grande custo pessoal”, Stefan Svallfors disse que, ao revelar a existência e escala dos programas de vigilância, Snowden demonstrou que “indivíduos podem lutar por direitos e liberdades fundamentais”.
Muitas pessoas no ocidente encaram Snowden como um campeão da democracia. Em 2015, ele foi nomeado novamente, dessa vez, por dois deputados noruegueses, mas não ganhou.
O WikiLeaks, que ajudou Snowden a ir para a Rússia, afirmou que o Prêmio Nobel é corrupto e se tornou um instrumento de política externa da Noruega e Suécia.
Prêmio Sam Adams (2013)
EEm outubro de 2013, Snowden recebeu o Prêmio Sam Adams junto com outros quatro delatores norte-americanos que eram ex-oficiais de inteligência. Depois de dois meses como asilado, Snowden fez sua primeira aparição pública para aceitar o prêmio, que foi simbolizado por um castiçal representando alguém que traz luz a um lugar escuro. Durante sua visita, Jesselyn Radack, uma delatora do FBI, tornou-se a advogada de Snowden. Uma semana depois, Radack escreveu no The Nation que Snowden personificava bem a simbologia de “coragem, persistência e dedicação à verdade – independentemente das consequências” associada ao prêmio.
Prêmio Ridenhour Verdade (2014)
Em abril de 2014, Snowden e Laura Pitras receberam o Prêmio Ridenhour Verdade, concedido pelo The National Institute e The Fertel Foundation, pela divulgação de informações sobre espionagem e vigilância nos Estados Unidos e em outros lugares do mundo. Ambos compareceram a uma cerimônia no National Press Club para receber o prêmio. Snowden fez um discurso e depois respondeu a perguntas da plateia, que o aplaudiu várias vezes durante a apresentação.
Em seu discurso, ele questionou por que estava sendo acusado criminalmente, enquanto o Diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, não recebeu sequer uma repreensão após sua “famosa mentira” no Congresso. Durante uma audiência com o comitê do congresso, Clapper negou que a NSA estivesse espionando cidadãos americanos.
Esses acontecimentos levantaram questões sobre a espionagem dos Estados Unidos, a vigilância em massa, o papel da NSA, a privacidade dos cidadãos e as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia. Os documentos vazados por Snowden revelaram detalhes sobre as escutas telefônicas, incluindo aquelas envolvendo a chanceler alemã Angela Merkel, além de revelar práticas de espionagem em outros países da América Latina.
Após as revelações, Snowden encontrou abrigo em Hong Kong e depois na Rússia, onde permanece até hoje. Seus documentos foram publicados em veículos de imprensa como o The Washington Post, e suas ações geraram um intenso debate sobre segurança, privacidade e os limites do poder do governo em relação à vigilância.
É importante ressaltar que Oliver Stone dirigiu um filme sobre a vida de Snowden, retratando sua trajetória desde a divulgação dos documentos até sua busca por asilo na Rússia.
No Brasil, o caso despertou a atenção do Procurador Geral da República, que investigou a possível violação dos e-mails de autoridades brasileiras. As revelações de Snowden tiveram um impacto significativo no debate público sobre vigilância e privacidade em todo o mundo.
Conclusão
Snowden, sem dúvidas, se tornou alguém importante quando se trata de segurança digital. Hoje, vemos isso também nas questões de navegadores seguros, como o Tor, e nas VPNs, as redes privadas virtuais.
A NordVPN, por exemplo, se importa muito com a segurança digital dos seus usuários. Além de fornecer proteção digital, ela é excelente para serviços de streaming.
É possível que, sem Edward Snowden, as VPNs não teriam se popularizado tanto hoje em dia.